Colocar a saúde das mulheres negras da periferia em pauta. E ir além, oferecendo conhecimentos que garantissem o bem-estar das participantes, o aprendizado da sexualidade consciente, a prevenção da gravidez indesejada e das doenças sexualmente
transmissíveis. Essa foi a missão do projeto Ára Odára: Oficina Itinerante de Saúde para as Mulheres Negras, realizada pelo Quilombo Asantewaa - Centro de Formação para Mulheres Negras, de Salvador (BA).
De oficina em oficina, a iniciativa conseguiu criar nas mulheres a consciência da necessidade do cuidado com a saúde, do uso do preservativo e das visitas periódicas ao ginecologista. Também tornou o espaço um ponto importante de distribuição gratuita de preservativos para a comunidade. “Houve uma mudança na relação da mulher com seu corpo. Elas começaram a compreender o corpo como algo que vai muito além do físico e do biológico”, destaca a coordenadora Ana Rita.
E se o corpo mudou de status, a auto-estima também aumentou, deixando de lado uma visão depreciada da identidade feminina negra em que os cuidados com a prevenção às doenças eram mínimos ou mesmo inexistentes. “As mulheres discutiram e repensaram
sobre seus corpos, suas histórias, sua saúde e suas identidades negras”, comenta Ana Rita.
O processo que começou com as mulheres obteve continuidade com a participação e o apoio de todos os integrantes dos bairros
periféricos de Salvador.“Percebemos um importante envolvimento da comunidade como um todo, o que gerou reflexões coletivas. Mulheres e homens ajudaram a oficina a acontecer e se comprometeram a continuar tendo atenção à sua saúde”, finaliza Ana Rita. |