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Carnaval e filantropia de resistência (19/4/2022)
Elas+

 

Helena Theodoro resgata o passado para a luta no presente

 

“Resistência”.

Esse é o enredo da Acadêmicos do Salgueiro para o Carnaval deste ano, assinado pela filósofa e presidenta do Conselho Deliberativo do ELAS+, Helena Theodoro. Resistência também poderia ser um adjetivo usado para descrever essa mulher que, ao longo dos 79 anos de vida, levanta a bandeira da valorização da população negra e assumiu a linha de frente da luta contra o racismo no Brasil. Na retomada dos desfiles na Sapucaí após o período crítico da pandemia de covid-19, ela está levando para a avenida o que promete ser um verdadeiro resgate das origens das escolas de samba.

Junto com o Salgueiro, Helena Theodoro decidiu cantar a “Resistência” como reação a todos os casos de violência racial registrados nos últimos anos, tanto no Brasil quanto os de repercussão internacional, como o assassinato de George Floyd no Estados Unidos em 2020. No entendimento da filósofa, é preciso lembrar os brasileiros que as escolas de samba têm origem na resistência dos africanos escravizados, uma forma de celebrar a própria crença diante de toda a opressão e apagamento cultural que sofreram. “A imagem criada pela sociedade brasileira é de que o negro é sempre bandido, marginal, ladrão.  É preciso desconstruir isso. As escolas de samba representam uma reconstrução da maneira de ser e de pensar da comunidade preta no Brasil. As escolas de samba são uma forma de reterritorialização da África”.

Relembrar essas origens é valorizar as heranças africanas e enfrentar o racismo. Helena Theodoro também acredita na filantropia como outra maneira de se engajar na luta antirracista. Ela lembra que os dados levantados pela pesquisa “Ativismo e Pandemia no Brasil”, publicada pelo ELAS+ no ano passado, apontam as mulheres negras como maioria (73%) na liderança de organizações e grupos que coordenam projetos de apoio e reagiram prontamente às demandas geradas pela pandemia.

Pesquisadora da cultura negra, ela ressalta que o trabalho de filantropia por justiça social no Brasil começou com os grupos de irmandades religiosas pretas, que compravam pessoas escravizadas para dar a elas a alforria, por exemplo. Também criavam colégios para acolher crianças de mulheres que estavam em cativeiro. Nesse sentido, ela exalta o ELAS+ pela continuidade desse trabalho, por meio do edital Aliança Negra - que está nos últimos dias para inscrição - e vai destinar 5 milhões e meio de reais para fortalecer organizações que atuam no enfrentamento ao racismo no Brasil. Ela considera fundamental o apoio a esses projetos. “Esse tipo de luta e de resistência são necessárias para a identidade do povo preto”. 

Primeira mulher negra a concluir um doutorado no país, Helena Theodoro também sabe a importância de fazer resistência no espaço acadêmico. Abordou em sua tese, em 1985, a cultura do candomblé como filosofia. Agora, 37 anos depois, viu nascer e teve papel fundamental na criação de um Núcleo de Filosofias Ancestrais no Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.  Dentro das universidades vem forçando portas e barreiras, questionando a abordagem eurocêntrica, que segue dominante nas salas de aula.  “Por mais que a gente tenha conseguido lutar e ter cotas para negros nas universidades, quem continua lecionando? A comunidade branca, com pensamento branco. Todo processo civilizatório negro e indígena é sempre minimizado na sociedade brasileira. A gente tem uma luta muita séria”, concluiu a filósofa.

Enquanto luta, também celebra as conquistas. Este ano vai desfilar em quatro escolas de samba no Rio de Janeiro. Além do Salgueiro, vai sair na Vila Isabel, convidada como biógrafa do sambista Martinho da Vila - homenageado do ano pelo enredo da escola. Estará na avenida também com a Império da Tijuca e vai prestigiar ainda os desfiles que acontecem fora da Sapucaí, na Intendente Magalhães.

 
 
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