A homenagem recebida por Amalia Fischer, co-fundadora do ELAS, vem do Ministério das Relações Exteriores do Estado Mexicano, através do Instituto dos Mexicanos no Exterior. É um reconhecimento aos mexicanos e mexicanas que vivem fora do país e têm se destacado, seja por apoiar outros mexicanos no exterior, fazer serviços importantes à comunidade mexicana ou a do local onde vivem, e àquelas e àqueles que se destacam pela sua profissão. O reconhecimento se chama Ohtli, que para a etnia Nahuatl significa caminho.
No período Neandertal as pessoas fugiam das lavas de um vulcão e deixavam pegadas. Os poetas Nahuas se perguntavam “Qual o caminho há de seguir meu coração?” E a resposta nos códices (antigos manuscritos gravados em madeira) era: “Melahuac Ohtli”, que quer dizer “É o caminho de rio correto. Isso é o que te levará a realizar seu destino.” Ainda hoje, quando aqueles que mantém seu idioma vivo se despedem, fazem como os Nahuas: “Cualli Ohtli” (Bom caminho!).
O Instituto dos Mexicanos no Exterior entrega o reconhecimento Ohtli a todas as pessoas que dedicam suas vidas a abrir brechas no estrangeiro para que gerações de jovens mexicanos e as pessoas nos territórios onde vivem encontrem um caminho mais fácil para trilhar.
Em uma cerimônia cheia de poesia, simbolismo e resgate da ancestralidade, o Cônsul Geral Héctor Valezzi entregou à Amalia Fischer um diploma e uma medalha de prata. Amalia foi professora por 20 anos na Universidade Nacional Autônoma do México, onde foi umas das fundadoras do Centro de Estudos da Mulher. Agora, no Brasil, apoia as organizações de mulheres da sociedade civil, contribuindo muito com o movimento de mulheres através da criação do Fundo ELAS.
Muito emocionada, Amalia agradeceu ao Estado Mexicano, a suas cidadãs e cidadãos, que através do Ministério das Relações Exteriores e do Instituto dos Mexicanos no Exterior entregaram esse reconhecimento. “É o meu país que reconhece o que eu já fiz como feminista no México e estou fazendo como feminista no Brasil. E estou aqui hoje porque outras que vieram antes de mim e, com suas pegadas, me mostraram o caminho”.
Em sua fala de agradecimento, Amalia destacou as mulheres que lutaram contra a colônia, as que lutaram pela república, as que lutaram na Revolução Mexicana, as sufragistas e as mulheres que nos anos 70, 80, 90, construíram o movimento feminista mexicano. E Amalia estava junto com elas.
“Agora estou seguindo as pegadas das mulheres no Brasil e construindo pegadas com as mulheres mais jovens, lado a lado. O que eu sou, devo a todas as mulheres. ”
Amalia homenageou à Luzero Gonzales, fundadora de Semillas, o primeiro fundo de mulheres da América Latina; à Marjan Sax, co-fundadora de Mama Cash, o mais antigo fundo internacional para mulheres do mundo e à Ana Maria Enriques, que trabalhou no Fundo Global para as Mulheres.
“Com elas eu aprendi muito! Esse reconhecimento a mim, como co-fundadora do Fundo ELAS, é um reconhecimento a todas as fundadoras do ELAS: Neusa Pereira, Madalena Guilhon, Isabel Ferreira e Raquel Silva. E também a toda a equipe do ELAS. ”
Ressaltou a Filantropia para Justiça Social, especialmente nesse momento de pandemia, onde se destacam as organizações da sociedade civil no combate ao coronavírus. “Elas precisam ter sua sustentabilidade garantida, porque sem elas a democracia não existe.”