O Consulado do México no Rio de Janeiro, o Fundo ELAS e a ONU Mulheres convidam para a exibição do filme Roma (México/EUA, 2018) e debate com Nair Jane Lima, Creuza Oliveira e Cleide Pinto, ativistas e defensoras dos direitos das trabalhadoras domésticas no Brasil, Ana Carolina Querino, Representante Interina da ONU Mulheres Brasil e o crítico de cinema Maurício de Bragança.
O evento acontece no dia 29 de abril, segunda-feira, às 18h, na Biblioteca Parque Estadual (Av. Presidente Vargas, 1261 – Centro – Rio de Janeiro). A entrada é gratuita.
Trabalhadoras domésticas em cena
Vencedor do Oscar 2019 de melhor direção, melhor fotografia e melhor filme de língua estrangeira, Roma é uma autobiografia do diretor mexicano Alfonso Cuarón e retrata a rotina de uma família na Cidade do México em 1970, acompanhada silenciosamente por uma mulher (Yalitza Aparicio), que trabalha como babá e trabalhadora doméstica.
Em que medida a trajetória da protagonista de Roma se conecta com a realidade vivida pelas trabalhadoras domésticas no Brasil? O tema é o ponto de partida do debate que ONU Mulheres, Consulado Geral do México no Rio de Janeiro e Fundo ELAS promovem em comemoração ao Dia Nacional da Trabalhadora Doméstica.
Embora a profissão só tenha tido reconhecimento legal em 1972 (a princípio com pouquíssimos direitos trabalhistas), a organização das trabalhadoras domésticas têm mais de 80 anos: a primeira associação foi criada em 1936 por dona Laudelina de Campos Mello em Santos (SP). Apesar de terem conquistado avanços importantes, como a PEC 150/2015, conhecida como PEC das Domésticas, ainda há muito a percorrer pela efetivação dos direitos das trabalhadoras domésticas, que somam mais de 7 milhões de brasileiras, em sua maioria mulheres negras.
Sobre as/os convidadas/os:
Ana Carolina Querino é oficial nacional de Programas da ONU Mulheres Brasil. Atualmente, ocupa também o cargo de Representante interina da ONU Mulheres Brasil. É cientista política e Mestra em Ciências Sociais com ênfase em políticas comparadas pela Universidade de Brasília (UnB).
Cleide Pinto é trabalhadora doméstica e presidenta do Sindicato de Trabalhadores Domésticos de Nova Iguaçu. Coordena iniciativas de fortalecimento da categoria como o projeto “Trabalho Digno e Equidade de Direitos: fortalecendo o coletivo de mulheres trabalhadoras domésticas para a efetivação da lei 150/2015”, apoiado pelo Fundo ELAS, que se dedicou a capacitar líderes do movimento das trabalhadoras domésticas. Com Louisa Acciari, Cleide vai coordenar os cursos dos módulos de formação de dirigentes sindicais para trabalhadoras domésticas lançados no dia 27 de abril pela FENATRAD, OIT e Solidarity Center.
Creuza Oliveira é trabalhadora doméstica, sindicalista e política brasileira. Começou a trabalhar aos 10 anos e estudar aos 16 anos. Em 1983, ela começou seu ativismo político lutando para melhorar as condições de vida das trabalhadoras domésticas, junto ao movimento sindical e ao movimento de mulheres negras. Em 2003, assumiu o cargo de Presidente da Fenatrad (Federação Nacional dos Trabalhadores Domésticos), lutando pela aprovação do PEC das trabalhadoras domésticas. Hoje é secretária geral da Fenatrad. Em 2011, recebeu o Prêmio de Direitos Humanos e, em 2015, o Diploma Bertha Lutz.
Mauricio de Bragança é graduado em História e Cinema, com Mestrado em Comunicação, Doutorado e Pós-Doutorado em Letras pela Universidade Federal Fluminense. Atualmente é Professor do Departamento de Cinema e Vídeo o do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFF.
Nair Jane Lima é trabalhadora doméstica desde os nove anos de idade e luta pela organização da categoria desde 1970. Elegeu-se presidente da Associação Profissional das Empregadas Domésticas em 1973, permanecendo à frente da entidade até 1977. Em 1988 assumiu o comando do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos. Também participou da formação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Rio. Foi conselheira do Conselho Estadual da Pessoa Idosa, no Rio de Janeiro, e coordenadora do Fórum Permanente dos Direitos da Pessoa Idosa. Recebeu o Diploma Bertha Lutz, do Senado Federal, em 2003, pelo seu empenho em defender melhores condições para as trabalhadoras domésticas no Rio de Janeiro e em todo país. Atualmente é vice-presidenta do Sindicato de Trabalhadores Domésticos de Nova Iguaçu, de que foi uma das fundadoras.