Chegaram ao Brasil nesta quinta-feira, 30/08, três ativistas que podem correr risco de vida na Nicarágua. Eles são da Articulación de Movimentos Sociales y Organizaciones de la Sociedad Civil da Nicarágua e lutam para denunciar os atropelamentos do regime de Daniel Ortega e Rosario Murilho que já deixou mais de 400 civis mortos e deixou feridas 2 mil pessoas.
Eles estão em Caravana pedindo solidariedade aos países vizinhos para reverter a pior crise política vivida na Nicarágua nas últimas décadas. Desde 08 de Agosto, Ariana McGuire Villalta; Yader Parajón Gutiérrez e Carolina Hernández Ramirez estão na estrada e já fizeram mobilizações no Chile, Argentina e Uruguai. Agora, no Brasil, buscam apoio político e dos movimentos sociais, para evitar que as mortes e repressões continuem acontecendo, denunciando as violações aos Direitos Humanos que são praticadas com extrema violência pelas forças policiais para-policiais que atuam sob as ordens governamentais.
O Fundo ELAS e a Redeh convidam para um encontro de solidariedade com os três ativistas no dia 4 de setembro, terça-feira, às 17h30. O encontro será no Espaço Carolina Maria de Jesus, na Rua da Lapa, 180/sala 808, Lapa/ Rio de Janeiro.
O movimento espera que com as denúncias, Estados e organismos internacionais apliquem sanções contra o regime; que ajudem a provocar uma ruptura do regime com os movimentos, partidos e governos que ainda lhe são leais ou ainda não se posicionaram; e que promova a conformação de comitês nacionais e locais de solidariedade vinculados com a Articulação Social.
Entendendo a crise e o levante popular: Desde 18 de abril de 2018, a Nicarágua vive a maior convulsão política dos últimos trinta anos, caracterizada particularmente pela repressão do governo de Daniel Ortega e sua esposa Rosário Murillo contra estudantes universitários e a população em geral.
De acordo com o relatório de entidades de Direitos Humanos, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Anistia Internacional e o Centro Nicaraguense de Direitos Humanos (CENIDH) a repressão do Estado já deixou ao menos 420 pessoas assassinadas, dos quais 87,18% correspondem a civis desarmados, 4,5% policiais e 8,0% paramilitares. Considerando a correlação de habitantes na Nicarágua com a do Brasil, esse número de mortos significaria pelo menos 8,900 do total de brasileiros assassinados.
A crise política ainda tem deixado mais de 2.000 feridos, 262 desaparecidos e pelo menos 130 pessoas em prisão por ter participado em atos de manifestação e resistência contra o governo de Ortega. Entre julho e agosto, o Congresso da Nicarágua aprovou uma lei antiterrorismo com penas de até 25 anos, cujo instrumento está sendo usado para acusar os protestantes e ser levados a julgamento sem acompanhamento das entidades de Direitos Humanos.