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Ajude Ayana, feminista negra jovem, a participar do Empoderando a América Latina (22/11/2017)
ELAS

Ayana Odara, 19 anos, de Belo Horizonte, foi selecionada para participar de um projeto chamado Empoderando a América Latina, no México, que é uma formação para jovens com o intuito de contribuir para melhorar as condições de vida na América Latina. 

Para viabilizar sua participação e pagar sua passagem, Ayana lançou uma campanha de financiamento coletivo na internet, que você pode conferir aqui
 
O Fundo ELAS conversou com Ayana sobre o projeto para o qual foi selecionada e sobre sua militância no Brasil. “Eu espero que essa experiência possa me proporcionar um fortalecimento e a aprendizagem de novas estratégias. O cenário atual é de um enorme retrocesso não só no Brasil. Espero que nós participantes, enquanto jovens, possamos elaborar estratégias para resistir e fortalecer nossa comunidade na conjuntura e que possamos também nos fortalecer”, diz Ayana.
 
Confira a entrevista completa:
 
O que é o Empoderando a Latino América e por que você se candidatou?
 
O Empoderando a Latino América é um projeto que visa uma América Latina plural, democrática e inclusiva com oportunidades iguais e condições ideais de vida para todos os seus habitantes onde diálogos construtivos, cooperação, solidariedade, e compreensão cultural prevaleçam e onde jovens são sensíveis e críticos a realidade social, econômica, política e ambiental de seus meios; onde jovens são comprometidos com o bem estar das pessoas e do ambiente que os cerca; onde trabalhem ativamente e coletivamente com o objetivo de lutar pelo desenvolvimento social de suas comunidades, países, e da região inteira. Um desenvolvimento baseado na justiça, igualdade, sustentabilidade, respeito e promoção dos direitos humanos de todos, e o cuidado e proteção do meio ambiente. 
 
Durante um mês, 35 jovens de 16 a 24 anos selecionados de toda a América Latina participam de uma formação focada nesses princípios em âmbito latino americano e mundial. Todas as atividades serão realizadas a partir da vivência já adquirida de cada jovem, assim, eles estarão participando de oficinas que possam realmente contribuir na luta já realizada por eles em seus países. 
 
Por acreditar fortemente nos valores defendidos pelo projeto e por defender que a formação é uma troca, me inscrevi a fim de que possa aprender outras abordagens de luta e compartilhar também as estratégias que utilizo no meu país com o intuito de criar novas redes coletivas. Penso que é uma oportunidade enorme para a formação, mas também um início de uma luta ampliada por toda a América Latina que mesmo estando próxima é em alguns momentos desconectada. É preciso nos fortalecer! 
 
Como você, enquanto jovem negra feminista, vê o fortalecimento de iniciativas de jovens feministas nos últimos anos e a maior visibilidade de suas pautas e lutas?
 
Nos últimos tempos vivemos essa Primavera Feminista onde a luta pelos direitos das mulheres tem crescido e se fortalecido internacionalmente e por diferentes frentes. Penso que com o avanço da tecnologia e essa facilidade para a comunicação, fomos capazes de potencializar iniciativas já existentes que hoje chamamos de feminismo, mas que na verdade já eram discutidas e reivindicadas por muitas mulheres antes mesmo de receber esse nome. 
 
O fortalecimento se deve à indignação de uma geração que não está disposta a compactuar com o que lhe foi imposto e sim pautar a união pela luta em prol dos direitos de populações que foram oprimidas como a população negra e as mulheres. Porém, é preciso também que saibamos abordar essa luta para além do mundo virtual e lutemos também por aquelas pessoas que por situações de maior vulnerabilidade social podem nem mesmo saber que essa luta existe. 
 
O feminismo negro surgiu e se fortaleceu a partir da necessidade de abordar o que rodeia a vida das mulheres negras, não contempladas no movimento negro (onde muitas vezes não era feita a abordagem das mulheres) e no movimento feminista (onde muitas vezes discutíamos apenas gênero, sem recorte social). As mulheres negras me fortalecem na luta, desde Lélia Gonzalez a Sueli Carneiro e Djamila Ribeiro, fazendo com que as nossas pautas não sejam esquecidas e nem silenciadas. 

Como você se engajou na militância e como atuam as organizações com as quais você colabora - Desabafo Social, ODARA - Instituto da Mulher Negra (Salvador/BA) e Nzinha Coletivo de Mulheres Negras (Belo Horizonte/MG)?
 
Eu nasci e cresci em um ambiente que sempre pautou as causas sociais e sempre tive minha mãe, Benilda Brito, como minha maior referência na luta. Entretanto, tive um dos meus primeiros contatos da militância dentro do Movimento Estudantil, onde fui presidenta do Grêmio Estudantil do CEFET- MG e onde pude levar pautas que não eram debatidas como raça ao lado de gênero para a luta estudantil. 
 
No início eu era a pessoa que fazia (e ainda faz) de tudo um pouco para aprender o trabalho realizado pelas organizações. No surgimento do ODARA – Instituto da Mulher Negra eu acompanhei todas as atividades e projetos com o intuito de pensar qual seria o espaço da juventude num ambiente como esse Instituto. O ODARA é uma organização negra feminista que visa superar em nível pessoal e coletivo a discriminação e o preconceito, bem como buscar alternativas que proporcionem a inclusão sociopolítica e econômica das mulheres negras e seus familiares na sociedade. O Nzinga Coletivo vem abordando a luta negra feminista, assim como o ODARA, mas na cidade de Belo Horizonte. Os dois projetos têm muito em comum e inclusive possuem parcerias concretizadas entre o estado de Minas Gerais e a Bahia. 
 
Participei ativamente do processo de formação da Marcha das Mulheres Negras em 2015, sendo responsável por juventudes de Belo Horizonte (pelo Nzinga onde já tinha uma atuação) e em Salvador pelo ODARA. Desde então pauto a necessidade de troca que a juventude precisa ter com as nossas mais velhas dentro da militância, pois temos que saber de onde veio essa luta até mesmo para sabermos para onde queremos e estamos indo. O Desabafo Social, de que sou atualmente uma colaborada ativa, me fez entender que é preciso ampliar para a juventude periférica, que muitas vezes não está dentro da academia (o espaço em que as lutas sociais ganham força), mas que também possuem o engajamento político social. O Desabafo atua com frentes pautando o empreendedorismo, potencialização de juventudes, parcerias pautando populações negra e LGBT.
 
O que você espera dessa experiência no Empoderando a América Latina no atual contexto de retrocessos de direitos das mulheres e da população negra e de ascensão e fortalecimento de discursos de ódio (racistas, misóginos e lesbo-homofóbicos) na sociedade?
 
Eu espero que essa experiência possa me proporcionar um fortalecimento e a aprendizagem de novas estratégias. O cenário atual é de enorme retrocesso, não só no Brasil.. Eu espero que nós participantes, enquanto jovens, possamos elaborar estratégias para resistir e fortalecer nossa comunidade na conjuntura e que possamos também nos fortalecer. No Brasil estamos a ouvir semanalmente relatos de jovens que devido às opressões, sejam elas de cunho racista, lgbtfóbicas, misóginas ou intolerantes religiosas, tiram a própria vida, estamos desacreditados e frágeis. Precisamos nos unir, nos cuidar para enfrentar esse momento que não está fácil, mas não podemos desistir. 
Sou uma mulher negra, lésbica, jovem, candomblecista e que precisa lutar diariamente para existir, se preciso agora terei que lutar duas ou três vezes mais para  que um dia meus descendentes ou minha comunidade não precisem resistir e que comecem a simplesmente existir, como deveria ter sido desde o início. O fortalecimento e a criação de redes que irá fazer a nossa real mudança. 

Qual é a importância de conhecer ativistas e experiências de outros países da América Latina para a luta por direitos das brasileiras e brasileiros?
 
Muitas vezes não temos contato com os nossos países vizinhos e não sabemos quais são as referências e estratégias de luta no local. Estamos imersos num cenário comum que é a América Latina, mas não nos reconhecemos, e mais do que isso, não nos entendemos enquanto pertencentes de um todo devido a questões históricas, processos de colonização, diferenças culturais entre outros. Precisamos nos conhecer, enquanto juventude pertencente a um todo e que com nossas diferenças, possamos pensar como ajudar uns aos outros. 
 
Outros países da América Latina já viveram ou estão vivendo situações parecidas com as enfrentadas e vividas pelo Brasil atualmente. Acredito que essa troca é fundamental para trazer também para o nosso país experiências que muitas vezes não temos como referência, mas que podem ser fundamentais nesse processo.
 
 
 
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