O Fundo ELAS e a ONU Mulheres participaram de reunião na Associação Brasileira de Agências de Publicidade (Abap) na última sexta-feira, 31 de março. Amalia Fischer, coordenadora geral do Fundo ELAS, e Nadine Gasman, representante da ONU Mulheres no Brasil, apresentaram projeto de parceria com a Abap em defesa de uma publicidade não sexista e não racista.
O projeto mostra que 65% das pessoas consideram que o padrão de beleza da publicidade na TV é muito distante da realidade da brasileira e 84% concordam que o corpo da mulher é usado para promover a venda de produtos nos anúncios, sendo que 58% entendem que a publicidade na TV mostra a mulher como objeto sexual, conforme indicam
pesquisas do Instituto Patrícia Galvão e da agência Heads em parceria com a ONU Mulheres. As pesquisas mostram ainda que 80% consideram que as propagandas na TV mostram mais mulheres brancas e 51% gostariam de ver mais mulheres negras. As mulheres são mal e pouco representadas: a
pesquisa Mulheres (In)Visíveis afirma que “negras, gordas, crespas, lésbicas e transexuais são as mulheres invisíveis na comunicação”. A mídia em geral e a publicidade em particular perpetua um registro embranquecido da sociedade e uma imagem subalternizada dos negros, especialmente das mulheres negras, frequentemente hipersexualizadas.
A ONU Mulheres e o Fundo ELAS entendem que a solução para esse problema passa pela promoção do diálogo entre as agências de publicidade e as organizações da sociedade civil engajadas na defesa dos direitos humanos em geral e direitos das mulheres em particular, com suas expertises em gênero e raça.
Entre os palestrantes da reunião estavam também Dalton Pastore (presidente da ESPM), que lançou o Programa Avançado em Publicidade e Marketing - um projeto nacional da ESPM, com apoio da ABAP e ABA; e Alberto Cavalcanti, assessor parlamentar que falou sobre projetos de Lei sobre publicidade em tramitação no Congresso Nacional.