O Arredondar funciona assim: você arredonda o valor da sua conta nos locais que aceitam arredondar. Todo valor arrecadado vai diretamente para organizações sociais selecionadas que trabalham pelos 8 Objetivos do Milênio, da ONU. De grão em grão, os centavos viram milhares de reais em verbas para projetos como os apoiados pelo Fundo ELAS.
Ele nasceu de uma ideia de Nina Valentini, paulista de 29 anos formada em Administração e diretora do Instituto Arredondar. Pela iniciativa de sucesso, Nina ganhou na semana passada o
Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2016, que a Folha de São Paulo entregou na última semana.
O Fundo ELAS, parceiro do Instituto Arredondar desde a sua criação, conversou com Nina sobre o seu trabalho à frente desse movimento que incentiva a cultura de doação no país e sobre ter sido eleita a empreendedora social mais inovadora do Brasil com até 35 anos.
Confira a entrevista:
O que motivou você a criar o Instituto Arredondar?
O Arredondar foi criado por um grupo de pessoas, liderados pelo Ari Weinfeld, que ficou inspirado quando descobriu por meio do livro Financing Future (Maritta Koch Weser e Tatiana Van Lier) algumas iniciativas de doação. Fui convidada a empreender em conjunto com ele a iniciativa, muito motivada pelo desafio de mobilizar recursos para projetos relevantes e de impacto pelo país que não conseguem acessar recursos de pessoas físicas, por conta do tamanho da estrutura, e também, pelo tipo de destinação não ser de recursos institucionais - o que dá pouca flexibilidade e autonomia para as organizações. Minha grande motivação sempre foi a de ajudar a desenvolver a cultura de doação e conectar pessoas diferentes a causas relevantes e urgentes.
Com as doações arrecadadas, o Arredondar beneficia 15 organizações sociais, entre elas o Fundo ELAS. Por que optaram por colaborar com o Fundo ELAS e o que significa para você essa parceria com o único fundo de investimento social voltado para mulheres no Brasil?
O Fundo ELAS é uma organização apoiada pelo Arredondar desde o princípio, e acreditamos muito em sua proposta de fortalecimento das mulheres, apoiando diferentes projetos pelo Brasil. Ele foi selecionado dentro de um processo de avaliação de mais de 300 organizações sociais, por um grupo de especialistas, e temos acompanhado sua atuação relevante na temática em que atua. O fortalecimento das mulheres é uma de nossas causas que queremos expandir nossa atuação, e o Fundo ELAS é um ator relevante neste setor para esta temática. Sua multiplicidade de projetos e capacidade de atuar em diferentes locais é um destaque bem como o conhecimento acumulado sobre o tema de sua equipe.
Desenvolver uma cultura de doação e de filantropia para a justiça social no Brasil é um grande desafio, tanto junto a empresas quanto junto à sociedade. Como você vê esse desafio e quais são as estratégias do Arredondar para incentivar as doações?
Temos inúmeros desafios para desenvolver a cultura de doação no Brasil. Primeiro, temos que conectar pessoas a causas e lidar com pouco apoio da mídia para isso. Ainda, temos que fortalecer a importância da doação de recursos financeiros, que gera mais autonomia para as organizações, e a própria comunicação das causas, transparência e resultados efetivos. A meu ver, o Arredondar atua em algumas dessas frentes. Nosso trabalho é de garantir que organizações com impacto relevante possam contar com uma rede de doadores que doem pouco, mas que experimentem essa doação, e que possam se envolver com as causas. Nós criamos uma ferramenta simples, transparente, fácil - e esse é um outro ponto relevante. Transformar a doação em um hábito é um trabalho árduo, mas só é possível se ela for realmente fácil. Além disso, cada vez mais, temos aproximado as organizações dos colaboradores e dos clientes, divulgando e impulsionando suas causas, atuações, e trabalho.
Atualmente mais de 20 empresas são parceiras do Arredondar. Qual é a importância de empresas investirem em causas sociais como a luta pela equidade de gênero?
As empresas têm um papel fundamental neste contexto. No nosso caso, elas abrem um canal relevante e seu relacionamento com os clientes para garantir que eles possam apoiar uma causa. Mas, não é só isso. Muitas vezes, as empresas se desenvolvem nessa aproximação com o setor, e começam a repensar suas práticas. Trabalhar com a evolução das empresas para que possam abraçar causas que sejam aderentes à suas práticas, e conectar pessoas de diferentes setores alavanca a inovação e a possibilidade de colaboração que precisamos para dar um salto em temas como a luta pela equidade de gênero.
Além do Prêmio Empreendedor Social de Futuro 2016, o Arredondar foi um dos quatro vencedores do Desafio Social Google 2016. Nesse momento de reconhecimento e sucesso da iniciativa, quais são as próximas perspectivas para o Arredondar e também os desafios atuais?
Felizmente, 2016 foi um ano em que crescemos muito! A visibilidade é fruto de nosso crescimento operacional, e claro, muito trabalho. Estamos felizes, animados, e ao mesmo tempo, estamos mergulhados em aumentar nossa operação para mais de mil lojas, e abrir frentes em novas tecnologias com a parceria com o Google. Nosso desafio atual é aumentar os canais de comunicação com o doador, sem grande custo, para que possamos garantir mais doadores envolvidos com o Movimento, e trazer novas redes varejistas do segmento de alto fluxo (supermercados, farmácias, fast-food), para aumentarmos ainda mais a arrecadação para os projetos.
Nosso trabalho está só começando.