Darren Walker, presidente da Fundação Ford, parceira de longa data do Fundo ELAS, foi o Key Note Speaker do Congresso GIFE. Sua conferência especial sobre “Filantropia e desigualdades” aconteceu no primeiro dia evento.
Em seu discurso, Darren falou sobre desigualdades. Contou um pouco de sua história para exemplificar o racismo no Sul dos Estados Unidos nos anos 1950, quando ele nasceu. “Arte e dança salvaram minha vida numa pequena cidade do Sul dos EUA. Minha avó era empregada, éramos pobres, livros de arte estimulavam minha imaginação. Para pessoas que vivem marginalizadas, a capacidade de imaginar nutre a alma. Eu sou apaixonado pela arte”.
Para ele, as exclusões são políticas, econômicas, raciais, de gênero, etc. Walker falou que quando a esperança é tirada das pessoas surge a raiva, a frustração. E se essas pessoas são marginalizadas é ainda pior.
Segundo Darren, para alcançarmos uma democracia forte é necessária uma sociedade civil vibrante e resistente, que seja capaz de enfrentar e reagir frente às questões emergentes urgentes. Por isso, é essencial o apoio dos investidores sociais direcionando recursos para o fortalecimento das organizações da sociedade civil.
Ele destacou que a filosofia da Fundação Ford não é falar para seus parceiros sobre o que devem fazer. “Nosso papel é dar voz aos parceiros. Nós nos preocupamos que haja justiça. Sim, nos importamos com números mas também com a justiça. A aposta da Fundação Ford é a longo prazo, como foi o caso do investimento na África do Sul. Passaram-se 40 anos para o apartheid acabar desde o primeiro apoio dado pela Fundação Ford em 1952”.
“As lideranças devem ser transparentes, falar o que são, não ocultar. Por exemplo, eu sou gay e negro. Os desafios de hoje são estruturais, sistêmicos. Os que são privilegiados temos que nos questionar sobre como usamos nossos privilégios, para desconstruir as estruturas e sistemas. Como podemos ter uma economia e democracia mais compartilhada?”, questionou. “Quem investe em justiça social e oportunidades deve se importar com Internet, em apoiar o acesso”.
Recentemente, Darren Walker publicou um artigo no “The New York Times”, no qual defendeu a ideia de que não basta retribuir à sociedade, mas é preciso combater as causas estruturais das desigualdades. Em outras palavras, a filantropia não pode mais lidar simplesmente com o que está acontecendo no mundo, mas também deve questionar a forma como isso vem acontecendo e o porquê.
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