O Fundo ELAS promoveu, de 26 a 28 de fevereiro de 2016, o 3º Diálogo sobre Autocuidado e Cuidado entre Mulheres Ativistas. Realizado em parceria com o Coletivo de Autocuidado, o encontro faz parte do Programa de Enfrentamento da Violência contra Mulheres, desenvolvido pelo Fundo ELAS com o apoio da Sigrid Rausing Trust e voltado para o fim da violência contra ativistas. Desde 2014, essa iniciativa já apoiou 18 projetos nessa temática.
Participaram do Diálogo 23 ativistas de todo o Brasil, representantes dos 8 grupos apoiados na terceira fase do projeto. São mulheres indígenas que enfrentam a luta pela terra e contra a violência dentro e fora das aldeias, mulheres negras que vivem o racismo diariamente, mulheres que enfrentam a remoção de suas comunidades, lésbicas que buscam respeito à sua orientação sexual, mulheres trans que precisam lutar diariamente pela afirmação de sua identidade de
gênero.
O objetivo deste encontro foi identificar as marcas da violência provocada pelo poder racista e patriarcal contra as ativistas, compartilhar as dores deixadas por esse enfrentamento, identificar os riscos e a partir daí aprender técnicas de como lidar com o estresse diário. As atividades incluíram debates de como cada uma se vê diante da conjuntura política, oficinas de terapia antiestresse, para criar estratégias para a garantia da segurança pessoal de cada uma e do seu grupo diante de situações de conflito.
“Ao longo dos 3 anos de realização dessa iniciativa, entendemos que olhar com cuidado para cada ativista é indispensável para o movimento feminista, assim como promover a reflexão sobre as consequências negativas que o ativismo e a luta por direito das mulheres podem causar e causam aos corpos das ativistas. Buscar o bem estar dessas ativistas e sua segurança é garantir a sustentabilidade e o fortalecimento do próprio movimento de mulheres no Brasil”, diz KK Verdade, coordenadora executiva do Fundo ELAS.
Investimento no autocuidado é estratégico
O Fundo ELAS entende que o autocuidado é uma ação política e considera estratégico o investimento no bem-estar e na segurança das ativistas. São frequentes os casos de violência, criminalização de ativistas, aparecimento de doenças crônicas que têm graves consequências, que incluem o desgaste político e pessoal tanto para as ativistas, como também para os grupos e coletivos das quais as mulheres fazem parte, fragilizando o movimento feminista.
Dessa forma, o objetivo do Fundo ELAS com esse programa é gerar conhecimento feminista sobre a temática, levantar informações, trocar experiências e boas práticas, documentar casos de violência contra ativistas, fortalecer as ativistas e o movimento feminista para que possam lidar com casos de violência e ao mesmo tempo para que possam incidir politicamente nessa temática, apoiando a mobilização do movimento de mulheres em torno do bem estar e da segurança das ativistas.