Amalia Fischer, coordenadora geral do Fundo ELAS, foi homenageada nesta quarta, 9 de março, na 4ª edição do Prêmio Nise da Silveira, iniciativa da Secretaria de Políticas para as Mulheres do Rio de Janeiro que celebra a atuação de mulheres de destaque na cena carioca.
Amália recebeu a Mandala Nise de Silveira, esculpida pela artista plástica mineira Ana Durães. Foram premiadas também a atleta Aída dos Santos, a vice-presidenta do Sindicato dos Comerciários Alexsandra de Carvalho, a defensora Arlanza Maria Rebello, a neurobiologista Débora Foguel, a empreendedora social Eduarda LaRocque, a feminista histórica Leila Linhares e a líder comunitária Tia Gaúcha.
Confira o discurso de agradecimento da cofundadora do Fundo ELAS, socióloga, doutora em Comunicação e Cultura e ativista feminista:
Agradeço muito ter sido indicada para este prêmio Nise da Silveira, psicanalista profundamente compassiva com o sofrimento humano, criativa dentro da sua área e respeitosa dos direitos dos outros, ela forma parte das muitas mulheres brasileiras que admiro profundamente. Umas entraram na história, outras contam suas histórias para nós, nas diferentes mídias.
Entre essas estão aquelas que conheço pessoalmente e através dos seus depoimentos que estão no website e no facebook do Fundo ELAS. Essas mulheres e as feministas de diferentes idades e gerações, negras, brancas, indígenas, lésbicas, heterossexuais, bissexuais, dos 70, 80, 90, 2000 e as da primavera feminista, assim como a equipe, cofundadoras, conselheiras, parceiros, colaboradoras e financiadores têm construído e constroem cotidianamente o Fundo ELAS e a filantropia de Justiça social. Este prêmio é de todas! Mas gostaria de dedicá-lo sobretudo, especialmente à minha companheira, Madalena Guilhon, incansável feminista, sempre justa, ponderada, honesta e comprometida com a democracia no Brasil.
Para o Fundo ELAS, doar para transformar é a nossa forma de mudar o mundo e contribuir um pouco na construção da felicidade de todos os seres.
O fato de investir socialmente e construir uma filantropia de justiça social dirigida às mulheres e meninas vai além de contribuir para a equidade entre homes e mulheres. Para nós, isso significa também investir num desenvolvimento do país sadio, onde os direitos humanos, socioambientais de todos os seres e a diversidade sejam respeitados.
O fortalecimento dos direitos das mulheres gera resultados positivos incomensuráveis para todos e todas, onde todos e todas ganham, como afirma o relatório do Instituto McKinsey e pesquisa da Oak Foundation sobre empoderamento das mulheres e responsabilidade social.
Nossa sociedade se enriquece mais através de diferentes pontos de vista, usando o diálogo como ferramenta para não dicotomizar, atuando positivamente, para fazer crescer socioambientalmente o Brasil, avançar nos direitos e no respeito a diversidade étnico-racial, sexual, geracional e política.
No Fundo ELAS, acreditamos no trabalho colaborativo interna e externamente, no diálogo com os diferentes atores, na inovação colaborativa que hoje chamam de coworking, cocriação e que as feministas dos anos 1970 já tínhamos começado a implementar em muitos coletivos e centros feministas nos anos 1980.
Afeto, generosidade e compaixão são três conceitos importantes para nós, sabemos que tudo é interdependente no mundo de hoje. Que nossas ações, as dos grupos e organizações que apoiamos, as dos nossos financiadores e parceiros, nos afetam e afetamos eles e a sociedade inteira.
Sabemos e agradecemos a generosidade daqueles e daquelas que doam com pleno conhecimento de que a filantropia e o investimento social devem ser para transformar socialmente a comunidade, a sociedade, a vida dos que não têm acesso a direitos e a recursos econômicos.
Hoje, a tendência dentro da filantropia mundial é reconhecer e incluir nas suas ações o valor intrínseco que existe no conhecimento e na experiência dos grupos, coletivos e organizações da sociedade civil que estão na ponta.
Grandes fundações que têm sempre inovado na filantropia estão apostando, apoiando ações estratégicas daqueles coletivos e organizações da sociedade civil que sabem, conhecem as necessidades e têm soluções conjuntas para suas comunidades, cidades e grupos sociais, respeitando a autonomia e decisões destes.
A filantropia que muda a realidade é aquela de transformação e justiça social, que procura a equidade e possibilita igualdade de oportunidades. Não é mais esmola, piedade, nem procura unicamente números puros como resultados.
A nova filantropia de justiça social é aquela que sabe que indicadores são só pistas que acompanham a mudança social positiva narrada nas histórias de transformação das mulheres, dos homens, das comunidades.
Para avançar e aplicar uma nova filantropia é importante que nossa intenção seja a da empatia, não a do marketing, seja este pessoal ou empresarial.
A nossa intenção deve ser a de nos colocarmos no lugar do outro, da outra, a compaixão reconhece sempre os seres humanos ou não como sujeitos de direitos. É isto que o ELAS faz há mais de 15 anos.