2016 será um ano letivo diferente para as alunas da Escola Estadual Quintiliano José Sitrangulo, do bairro Vila Carmosina, em São Paulo. Elas vão começar o ano participando de palestras de mulheres negras cientistas e terão a oportunidade de produzir uma webserie sobre a representatividade e a participação de mulheres negras nas ciências e tecnologias. Novas experiências estão reservadas também para as alunas do Colégio Estadual Alfredo Neves, de Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro: elas terão oficinas de programação e eletrônica, além de bate papo com pesquisadoras de destaque no meio científico. Para as centenas de alunas e alunos do Instituto Estadual de Educação de Santa Catarina, em Florianópolis, o tema vai entrar em pauta nas salas de aula através do teatro.
Esses são alguns dos projetos que foram selecionados no
Elas nas Exatas, XX Concurso de Projetos do Fundo ELAS, uma parceria inédita com o
Instituto Unibanco e a
Fundação Carlos Chagas. Lançado com o objetivo de contribuir para a redução do impacto das desigualdades de gênero nas escolhas profissionais e no acesso à educação superior das estudantes, o concurso recebeu 173 propostas de todo o país e selecionou 10 projetos.
Estratégias criativas e diversas serão utilizadas em escolas de Norte a Sul do Brasil para mostrar às meninas que lugar de mulher também é na ciência: oficinas de circuitos elétricos, aula-performance sobre mulheres cientistas, capacitação em robótica, programação com software livre, produção de webseries sobre a atuação de mulheres negras na história das ciências, criação de peixes e hortaliças com uso da técnica da aquaponia e capacitação na área automobilística através do desenvolvimento de um veículo são algumas das ações previstas nos projetos aprovados. Cada projeto recebeu R$30 mil.
Indo além da teoria
Um deles é o Oguntec, que será desenvolvido pelo
Instituto Cultural Steve Biko no Colégio Estadual Edgard Santos, em Salvador. "Escolhemos fazer parceria com essa escola porque ela fica em uma comunidade carente, que necessita desse tipo de atividade porque é cercada por muita violência. Queremos mostrar para essas alunas e alunos que ainda é possível crescer por meio dos estudos”, conta Gabriela Gusmão, responsável pelo projeto.
“Trabalhamos com o Oguntec em 2008 e tivemos ótimos resultados. Nossa expectativa é grande: temos que fazer com que essas meninas se empoderem e nosso maior desafio é fazer com que elas permaneçam no curso em vez de irem para o mercado de trabalho antes de terminar os estudos. Para isso, é fundamental investir em aulas mais dinâmicas. Temos alunas fazendo arquitetura, engenharia, estamos colocando mais jovens mulheres nesses cursos, e agora não vai ser diferente. Vamos fomentar o gosto por essas áreas. As aulas de matemática, química e física são muito teóricas, elas precisam da prática: fazer visitas técnicas, conhecer as empresas, para que elas possam se ver ali. Precisamos ir além da teoria. Conversar com os profissionais, saber como eles atuam”, diz Gabriela. A previsão para início do projeto é dia 15 de fevereiro.
A
(Em) Companhia de Mulheres – Coletivo de pesquisa teatral feminista, de Florianópolis, criou uma performance-aula que apresentará historicamente as mulheres que contribuíram com o desenvolvimento da ciência e da tecnologia. “Escolhemos como escola parceira o Instituto Estadual de Educação de Santa Catarina, porque ele abriga um número maior de alunas e alunos de Ensino Médio. São 35 turmas, e pretendemos abranger o maior número possível de estudantes com o projeto”, diz a artista e educadora Rosimeire da Silva.
“É a primeira vez que fazemos um projeto focado em mulheres na ciência e está sendo muito instigante. É uma parte da história que não é contada, estamos bem entusiasmadas com a possibilidade de contar essas histórias”, diz Rosimeire.
Para Renata Martins, do projeto
Empoderadas, a expectativa também é grande. “Vamos iniciar oferecendo palestras para a escola inteira, que tem mais de mil alunos, e vamos exibir para todos a webserie Empoderadas, sobre a importância da participação de mulheres negras nas ciências. Depois faremos formação audiovisual com 20 meninas, sobre fotografia, roteiro, câmera e com elas produziremos mais quatro episódios da webserie sobre mulheres negras na tecnologia. E estamos negociando visitas na Google Brasil e na Youtube Space”.
“O Empoderadas é um projeto de formação, capacitação e reflexão mesmo, e com o Elas nas Exatas temos a possibilidade de ir para a periferia e dizer pra meninas que elas podem tudo e que o audiovisual também está esperando por elas”, diz Renata. “Não vejo a hora de começar!”
Conheça outros projetos apoiados pelo
Elas nas Exatas aqui.