A Associação Movimento Mulher 360 (MM360) é uma associação empresarial independente e sem fins lucrativos dedicada a incentivar o empoderamento econômico da mulher brasileira. É uma iniciativa inédita de dozes empresas fundadoras do Movimento Empresarial pelo Desenvolvimento Econômico da Mulher, grupo liderado pelo Walmart e lançado em 2011 que atualmente reúne Bombril, Boticário, Cargill, Coca-Cola, DelRio, Diageo, Johnson & Johnson, Natura, Nestlé, PepsiCo, Santander, Unilever e Walmart.
Seu objetivo é estimular a igualdade de gênero, abordar maneiras de incorporar a questão na estratégia do negócio, identificar boas práticas que possam ser replicadas e fornecer ferramentas para mensurar avanços no campo.
Lançada no dia 8 de outubro de 2015, a Associação Movimento Mulher 360 tem como missão “contribuir para o empoderamento econômico da mulher brasileira em uma visão 360 graus, através do fomento, da sistematização e da difusão de avanços nas políticas e nas práticas empresariais e do engajamento da comunidade empresarial brasileira e da sociedade em geral”, explica Margareth Goldenberg, consultora estratégica da associação.
O foco da associação é a articulação e mobilização da comunidade empresarial para ações coordenadas e de grande impacto, que contribuam para o empoderamento feminino e para promover uma verdadeira transformação na sociedade. Uma de suas primeiras iniciativas do pilar foi o desenvolvimento de indicadores que possibilitarão estruturar ações e mensurar os seus resultados. Em parceria com o Instituto Ethos, foram elaborados 12 indicadores, dentre eles: estratégias para a promoção da equidade de gênero; promoção da diversidade e equidade; equidade de oportunidades, inclusão e não-discriminação de gênero.
Margareth Goldenberg, consultora estratégica da Associação Movimento Mulher 360, conversou com o Fundo ELAS sobre a iniciativa e sobre o papel das empresas na luta pela equidade de gênero. Confira a entrevista:
O que motivou a criação da Associação Movimento Mulher 360?
O tema da equidade de gênero vem avançando muito no Brasil e no mundo. É crescente na sociedade brasileira a consolidação e o reconhecimento do papel da mulher dentro das famílias, no mercado de trabalho e na sociedade. No entanto, ainda existem muitos desafios relacionados à questão de gênero a serem vencidos dentro e fora das empresas. Falamos, aqui, da conquista de direitos básicos (como liquidar a violência e o assédio), de condições mais igualitárias, como a inexistência de diferença salarial entre homens e mulheres com a mesma função e o estímulo para que ocupem cargos de liderança.
Por isso, todos os setores da economia devem contribuir com o empoderamento feminino, o que significa possibilitar que as mulheres desenvolvam plenamente suas capacidades, dar condições para que elas tenham as mesmas oportunidades de trabalho e assegurar a igualdade em direitos sociais e econômicos. Isto é, garantir as condições necessárias para que assumam o controle de suas vidas.
Essa igualdade de tratamento a mulheres e homens é um dos fatores básicos que constituem economias fortes, sociedades mais estáveis, justas e com melhor qualidade de vida para todos os cidadãos. Além disso, a equidade também funciona como catalisador para o desenvolvimento de organizações, tanto na esfera pública quanto privada.
Nos últimos anos, diversas empresas vêm buscando promover a diversidade e a ampliar a participação feminina no ambiente corporativo. Para potencializar e acelerar esta trajetória, o Movimento Mulher 360 foi criado, em 2011, a partir de uma iniciativa do Wallmart. Em 2015, o Movimento ganhou força e se tornou uma associação independente sem fins lucrativos, formada através da união entre organizações protagonistas do cenário empresarial brasileiro, comprometidas em promover a equidade de gênero e a aumento da participação feminina no ambiente corporativo, nas comunidades e na cadeia de valor.
A Associação Movimento Mulher 360 busca atrair, reter e desenvolver mulheres no mercado de trabalho, a partir de uma visão de 360 graus do empoderamento feminino. Como se caracteriza essa visão 360 graus?
A visão 360 graus da Mulher é caracterizada pelo olhar e cuidado integral da mulher em todos os seus papéis, sem desvalorizar ou desconsiderar um papel em relação a outro. Nossa proposta é que possamos atuar na dimensão do empoderamento econômico, envolvendo focalmente o trabalho, sem desconsiderar os papéis de “mãe”, “chefe de família”, “esposa” e “cidadã”. Todos os papéis devem ser considerados, sem colocar um em detrimento ao outro. O trabalho viabiliza a inclusão social, autonomia e desenvolvimento das mulheres de forma ampla e holística.
Qual é o papel das empresas na transformação social e na construção de uma cultura da equidade de gênero?
O papel das empresas, por serem formadoras de opinião e terem força para mobilizar e engajar a sociedade, é fundamental para a transformação social e fortalecimento da cultura da equidade de gênero. Ao se comprometerem com a justiça social e com a equidade, as empresas podem conjugar a lógica do exercício dos direitos com a lógica dos negócios. Afinal, a igualdade entre mulheres e homens é também um pilar importante da gestão organizacional e do êxito empresarial. As empresas do futuro serão as que conseguirem atrair e reter a mão de obra feminina. Mulheres empoderadas economicamente contribuem para o fortalecimento do setor produtivo, o desenvolvimento de comércios mais justos em novos mercados, aumento na produtividade dos empregados, crescimento na habilidade de atrair talentos, melhoria do relacionamento com governos e órgãos reguladores e progressos nos resultados e na performance financeira.
Nos últimos anos, diversas empresas vêm buscando incentivar a promoção da diversidade e a ampliação da participação feminina no ambiente corporativo. Você poderia citar alguns exemplos nesse sentido?
O marco conceitual que orienta a plataforma de atuação do Movimento são os
7 Princípios de Empoderamento da ONU Mulheres. Estamos organizando um Banco de Melhores Práticas das empresas associadas organizadas de acordo com cada princípio, mas ainda está em construção. Dentre as inúmeras práticas para promoção da diversidade e a ampliação da participação feminina no ambiente de trabalho que são realizadas nas empresas associadas há ações afirmativas para fornecer suporte para gravidez e mães (creches locais, licença maternidade ampliada, etc.), propiciar a conciliação entre trabalho, família e vida pessoal (home office, horários flexíveis, etc) e com foco em ampliar a participação de mulheres em cargos de liderança (priorização do público feminino, coaching específico para mulheres, entre outras ações).
De que maneira o trabalho do grupo pode contribuir com o combate à violência contra a mulher?
Em primeiro lugar, as empresas associadas ao Movimento, ao discutirem, divulgarem e priorizarem a discussão desta temática, auxiliam no rompimento do paradigma de que violência contra a mulher afeta apenas mulheres de baixa renda, ou que é somente violência doméstica e sempre envolve violência física. O assédio no ambiente de trabalho, na maior parte das vezes, não envolve agressão física, mas moral com preconceitos e discriminação. Colocar o tema em pauta, incluir nas discussões, incluir no código de conduta das empresas, comunicar assédio quando existir e a punição, são formas de estimular o debate e o reconhecimento dos problemas.
Em segundo lugar, após trazer estas questões à tona, desmistificando a questão, as empresas juntamente com suas equipes devem procurar soluções, saídas e propostas para o combate e erradicação da violência contra a mulher.
Acompanhe o
site e a
fanpage da Associação Movimento Mulher 360.