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"É fundamental que a escola contribua com a construção de uma sociedade mais justa, em que meninas e meninos tenham as mesmas oportunidades" (13/12/2022)
Fundo Social Elas

Em entrevista exclusiva, superintendente do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, fala sobre a importância da educação para  a transformação social e o processo democrático

Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelam que 11% das crianças e adolescentes do Brasil estão fora da escola. Isso equivale a dois milhões de pessoas entre 11 e 19 anos.

Entre jovens que abandonaram os estudos, 14% são meninas que saíram do colégio por terem engravidado ou ganhado bebê. Há ainda 6% de adolescentes que afirmam ter sofrido racismo e por isso decidiram parar de frequentar a escola.

Garantir a equidade de gênero e de raça na educação é uma das premissas para alcançar a transformação social. Por isso, o ELAS+ Doar para Transformar trabalha ao lado de quem também acredita no poder da educação de qualidade. O Instituto Unibanco, que completou 40 anos em 2022, é um desses parceiros. Juntes, realizamos duas edições do "Elas nas Exatas", para promover a política de gestão escolar para equidade ao aproximar as meninas das Ciências Exatas e das Tecnologias.

O superintendente-executivo do Instituto Unibanco, Ricardo Henriques, lembra que essa é uma das iniciativas que integram o Jovem de Futuro, principal programa da instituição. "É fundamental que o debate sobre educação esteja além dos muros da escola, porque só assim a educação será efetivamente prioridade. A sociedade civil, o investimento social e a filantropia desempenham papel relevante para nosso fortalecimento democrático".

Ricardo Henriques conversou com o ELAS+ sobre toda a trajetória do Instituto e sobre o que ele projeta para o futuro nos próximos anos. Confira a íntegra da entrevista:

Ao longo desses 40 anos, o que mudou na percepção do Instituto Unibanco (IU) sobre como garantir a melhoria da educação no Brasil?

Em seus primeiros passos, o Instituto – um dos primeiros a ter fundo patrimonial próprio no país – apoiou, com ações de fomento, iniciativas relacionadas à ecologia, termo mais comum na época para designar os desafios socioambientais para o planeta. Durante sua caminhada, porém, mudou seu foco para a educação. Inicialmente, a atuação do Instituto era focada no fomento de iniciativas de organizações que atuavam nessa área. A criação do Jovem de Futuro, há 15 anos, representou uma virada de chave e um marco em nossa história e segue como nosso principal programa, sendo implementado diretamente pelo Instituto em parceria com cinco Secretarias Estaduais de Educação (CE, ES, GO, MG, PI). No campo do investimento social privado, o programa foi inovador ao escolher o Ensino Médio e a agenda da gestão para resultados de aprendizagem como foco de atuação. Desde a sua criação, o Jovem de Futuro é submetido a uma rigorosa avaliação de impacto, refletindo nosso compromisso de pautar nossas ações em evidências. Por meio do nosso Centro de Pesquisa Transdisciplinar em Educação, investimos fortemente também na produção de pesquisas voltadas tanto para o aprimoramento do programa como para geração de conhecimento que subsidie a elaboração das políticas públicas educacionais.

E qual a relação desse investimento na educação com a democracia?

O fortalecimento democrático passa necessariamente pela educação. É papel da escola a formação das novas gerações para o exercício da cidadania ativa, seja por meio do desenvolvimento de competências e valores, como o senso crítico e a capacidade de análise e reflexão, seja por meio do conhecimento sobre as regras de funcionamento do sistema político e das esferas de participação e controle social das políticas públicas. Nesse sentido, a gestão escolar pode atuar de forma relevante abrindo espaço para participação dos estudantes nas tomadas de decisão sobre questões relativas ao cotidiano da instituição, por meio, por exemplo, da institucionalização de grêmios ou da realização de assembleias.

Além de trabalhar com a educação formal, nas escolas, o IU decidiu apoiar as organizações da sociedade civil, especialmente as ligadas à equidade racial e equidade de gênero. Qual o impacto desse tipo de apoio para a educação no Brasil?

Entre os valores do Instituto Unibanco está a valorização das diversidades e o nosso trabalho está muito voltado para redução das desigualdades na educação básica. Não temos como pensar em equidade na educação sem levar em consideração as questões raciais e de gênero. A escola reproduz as desigualdades presentes na sociedade e é importante que estes temas sejam cada vez mais abordados pelos sistemas de ensino, para que os estudantes sintam-se acolhidos e representados nas suas subjetividades e diversidades. E para que sejam desenvolvidas ações e políticas específicas para superação dessas disparidades, assegurando, assim, o direito à aprendizagem e ao desenvolvimento pleno de cada estudante.

Fale um pouco sobre os programas de equidade racial do IU na educação formal e como esse trabalho dialoga com a Coleção Antirracista, lançada recentemente.

O Jovem de Futuro, que é o principal programa do Instituto Unibanco, está completando, em 2022, 15 anos. Ele passou por muitas transformações e foi evoluindo ao longo do tempo, junto com o próprio Instituto, que também passou e vem passando por um processo de amadurecimento constante. Com isso, as discussões sobre equidade na educação têm sido um ponto fundamental nesse processo de amadurecimento da instituição e consequentemente do Jovem de Futuro. Um exemplo disso são as quatro edições do edital Gestão Escolar para Equidade: duas com foco na questão racial (Juventude Negra) e duas na questão de  gênero (Elas nas Exatas). Outro ponto importante dessas iniciativas foi o seu formato de realização, em parceria tripartite com organizações da sociedade civil (como o ELAS+  e o Baobá) e instituições de pesquisa (como a UFSCar e a Fundação Carlos Chagas) para fortalecer essa discussão interna e externamente. 

Essas e outras ações convergiram para que o Jovem de Futuro incorporasse cada vez mais as discussões sobre equidade. Desde 2021, implementamos, em parceria com as Secretarias Estaduais do ES e do CE, uma estratégia de equidade racial voltada para efetiva implementação da Lei 10.639 nas escolas das redes parceiras.  Além dessa atuação direta nas escolas, o Instituto também apoia e fomenta iniciativas e a produção de conteúdos e instrumentos que estimulem essa reflexão e discussão com as redes, nas escolas e com os educadores. A Coleção Antirracista se insere nessa vertente de nossa atuação.

Nossa intenção é que os vídeos da Coleção sejam amplamente disseminados e utilizados, contribuindo para construção de uma educação efetivamente antirracista.

O IU também tem um olhar atento para o fortalecimento das meninas nas Ciências Exatas. Conte um pouco sobre essa parceria e sobre o que isso representa dentro do conceito de educação do Instituto.

Nós tivemos uma experiência muito potente com o edital "Elas nas Exatas",  em parceria com o ELAS+ e a Fundação Carlos Chagas. Até hoje serve como referência para fomentar nossas discussões em torno da desigualdade de gênero, tanto interna quanto externamente.

Como instituição que busca contribuir para a garantia do desenvolvimento pleno dos estudantes, com equidade, a questão das desigualdades de gênero é central. É fundamental que a escola atue no enfrentamento dessas desigualdades, contribuindo com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária, em que meninas e meninos tenham as mesmas oportunidades e possam se desenvolver plenamente. Entendemos que isso só é possível quando a escola olha para os indicadores educacionais a partir da perspectiva interseccional, cruzando gênero e raça, e percebe a realidade dos grupos específicos, traçando ações para reverter as desigualdades.

Vale destacar ainda que a transformação do imaginário sobre os estereótipos de gênero e as expectativas de pais e professores em relação a meninos e a meninas impacta as relações e as instituições, o que implica nas oportunidades para as mulheres e também para os homens, normalmente reprimidos na expressão de sentimentos e emoções.

Por que é importante que instituições de investimento social e filantrópicas no Brasil apoiem as organizações da sociedade civil, e não só desenvolvam seus próprios programas e projetos?

Essa é uma discussão relevante para nós: as organizações da sociedade civil desempenham papel essencial no fortalecimento da escola pública e para a garantia do direito à educação. A nossa ideia em promover o edital de Fortalecimento Institucional é exatamente essa: dar oportunidade para que estas organizações que já realizam trabalhos muito significativos em educação, sem recorte específico,  continuem desenvolvendo suas atividades com nosso apoio financeiro durante três anos, com liberdade de rubrica, e ainda recebam apoio técnico com um percurso formativo que aborda temas como captação de recursos, planejamento estratégico e monitoramento para conseguirem se desenvolver e potencializar suas atividades. Com isso, estamos contribuindo com o desenvolvimento institucional e a sustentabilidade de 30 organizações de diferentes regiões do Brasil, de atuação reconhecida, com expertise e legitimidade nos territórios em que desenvolvem ações.

Apoiar o fortalecimento dessas organizações, e não só os projetos, também é papel do investimento social privado. Para além das suas atividades programáticas, essas entidades têm despesas de manutenção, de aluguel e com pessoal que nem sempre são cobertas por financiamentos de projetos específicos.

Por que é importante levar o debate sobre educação para além dos muros da escola?  E como a sociedade civil, o investimento social e a filantropia podem contribuir para uma sociedade democrática?

É fundamental que o debate sobre educação esteja além dos muros da escola, porque só assim a educação será efetivamente prioridade. A sociedade civil, o investimento social e a filantropia desempenham papel relevante para nosso fortalecimento democrático, seja subsidiando as políticas públicas por meio da produção de estudos e pesquisas, seja pautando e incidindo sobre o debate público a respeito de questões e temas fundamentais, seja fomentando ações e iniciativas de outras organizações, seja desenvolvendo programas e projetos que sirvam como inspiração para os formuladores de políticas.

Nesses 40 anos do IU, o que você destaca como grande aprendizado?

Nessa trajetória, especialmente com a experiência de implementação do Jovem de Futuro, por conta da sua abrangência e longevidade, aprendemos que nenhum desenho de programa ou política é estático e pode ser considerado finalizado. Desde a sua criação, o Jovem de Futuro passou por ajustes e mudanças sucessivas, em consonância com o modelo de gestão para o avanço contínuo que propomos. Sempre é possível avançar e aprender a partir da implementação, mas para isso é essencial ouvir os atores na ponta, avaliar e corrigir rotas.

 
 
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