“Eu sou Elza Santiago, do grupo Bordadeira da Coroa, no Rio de Janeiro, e agradeço de todo o coração ao ELAS e à Laudes Foundation pela ajuda que recebemos. O nosso objetivo era fazer formação para o fortalecimento do grupo de Bordadeiras e do grupo Mulheres do Fórum Estadual de Economia Solidária, além de participar de feiras. A gente até fez encontros, mas aí veio a pandemia e o projeto parou... a gente sem saber o que fazer. Com a flexibilização do uso do recurso, decidimos beneficiar mulheres de algumas comunidades, Jacarezinho, Coroa e Cracolândia. Mas tenho um agradecimento pessoal ao ELAS e Laudes Foundation: eu não ia ao Morro da Coroa há 5 anos, desde que perdi meu filho assassinado. Fui embora do morro e nunca mais tive coragem de voltar. Mas tive coragem de entrar lá para entregar as cestas básicas. Foi muito doloroso, porque não podia chorar naquele momento. Olhava para as meninas, para as vizinhas, que não via há tanto tempo, algumas tocava com cotovelo e aguentei o tranco. Ter que rever aquelas mulheres tão sofridas, muitas que também perderam seus filhos, amigos do meu filho, de forma violenta com esse extermínio da população negra, nessa guerra terrível que não é nossa! Foi um momento de muita dor! Mas eu criei coragem! O ELAS e a Laudes me possibilitaram vencer esse trauma. Agradeço em nome de todas as mulheres. E faço um pedido: não parem de olhar para nós! Mulheres de periferia, pretas, brancas, lésbicas, todas as mulheres que estão sofrendo. Não vai ter emprego e como dizia Betinho: a fome tem pressa. Agradeço e peço que continuem ajudando o ELAS, porque ele chega para nos apoiar. ”

(Depoimento de Elza Santiago, das Bordadeiras da Coroa, grupo apoiado no Edital ELAS na Moda e Sem Violência)