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“Temos que estar todas ligadas”, diz parceira do Fundo ELAS em Portugal (14/11/2019)
ELAS

Myriam Taylor é empresária, co-fundadora da Muxima Bio, ativista de Direitos Humanos e Antirracismo e nomeada pela revista Forbes umas das 100 empresárias europeias que devemos seguir. Também é parceira do Fundo ELAS no We Colloquium -  I Colóquio NÓS de Capacitação, Diversidade e Inclusão Social , realizado em maio de 2019 em Lisboa. 

O We Colloquium reuniu mulheres brasileiras e portuguesas em 3 dias de debates sobre exclusão e violência contra as mulheres, discriminação racial e de gênero e desigualdades. O Fundo ELAS coorganizou o evento e garantiu a participação de lideranças dos movimentos de mulheres do Brasil como Sueli Carneiro (Geledés), Creuza Oliveira (FENATRAD) e Guacira Oliveira (Cfemea).
 
Entre as participantes do evento estava Joacine Katar Moreira, primeira negra de origem africana eleita deputada pelo Parlamento português meses depois. Joacine é ativista do movimento negro, tem 37 anos e nasceu na cidade de Guiné-Bissau. É  graduada em História Moderna e Contemporânea, fez mestrado em Estudos do Desenvolvimento e doutorado em Estudos Africanos pelo Instituto Universitário de Lisboa. Entre sua atuação militante ganhou destaque por defender pautas contra o racismo, o machismo, a justiça social e questões relacionadas ao meio ambiente.
 
 Amalia Fischer, a Ministra da Justiça Francisca Van Dunem e Myriam Taylor
 
Conversamos com Myriam Taylor sobre a eleição de Joacine Moreira e outras mulheres negras em Portugal, e sobre o impacto do We Colloquium e das redes internacionais de mulheres nesse cenário. Confira:
 
A eleição de Joacine Katar Moreira, Beatriz Gomes Dias e Romualda Fernandes para o Parlamento português, três mulheres negras com discursos centrados no combate à discriminação e à desigualdade, é motivo de celebração e de esperança. Por que precisamos de mais mulheres como elas no poder?
 
Minha opinião centra-se muito na questão da representatividade e da democracia mais participativa. Entendo que vivemos em sociedades plurais onde a diversidade é uma realidade, mas nós não vemos essa mesma diversidade espelhada nas várias esferas sociais. E há sempre uma distância muito grande entre os centros de decisão e centros de poder e a cidadã ou o cidadão que se beneficia – ou não – das políticas que são desenvolvidas.  E eu defendo essa narrativa de uma maior aproximação entre o poder politico e o sujeito que é objeto sobre quem as políticas incidem.
 
Qual é a importância de construirmos alianças internacionais para fortalecer as mulheres globalmente?
 
Obviamente que a única solução possível será através da criação de uma rede, por intermédio do trabalho em rede. Eu entendo isso de uma forma muito simples  – para colocar em perspectiva, gosto muito de usar um exemplo. Imagina que desde que nós nascemos, somos colocados, não me pergunte por que, mas a ordem natural leva-nos a que nos coloquemos todos à volta de uma grande piscina. Essa é a ordem social. E com a nossa família, amigos, sociedade em geral nós aprendemos, uns com os outros, a atirar papéis para dentro dessa piscina. Até o momento que em você é convidada a desenvolver o raciocínio crítico. Quando você é convidada a colocar o seu sistema de valores em perspectiva e questiona os seus pensamentos e ações, você pode fazer duas coisas: persiste na ação, continua a atirar papéis para dentro da piscina, ou não, ou para. 
Entre os que param você tem dois tipos: aqueles que só param, o que já seria por si só louvável, e tem aqueles que se engajam na mudança, que veem: “epa, mais gente poderia usar essa piscina e ela poderia ser usada de outra forma que não para atirar papel”.
Então você tem o trabalho das associações e das ONGs, que vai muito no sentido ou de limpeza da piscina ou na tentativa de influência das pessoas que estão à volta da piscina de forma que mudem seus comportamentos. 
O problema é que a piscina imensa. E tem muita gente que pensa como nós mas não são a maioria – está longe de ser a maioria, está longe de ser a metade, está longe de ser sequer um décimo. Então para que uma limpeza séria e para que uma mudança de mentalidades em volta da piscina se possa gerar, tem que haver um mapeamento de todo o pessoal que à volta da piscina pensa igual, encontrar pontos de agenda comuns e desenhar uma estratégia. E com essa estratégia iniciar esse processo de limpeza e de tentativa de influência da narrativa. Portanto eu diria que o trabalho em rede é fundamental. Já entendo há muitos anos que é impossível  trabalhar sozinha,  é impossível trabalhar mesmo só em nível local. Nós temos que estar todas ligadas e temos que trabalhar com estratégia – que é o que nos tem faltado um pouco: essa unidade, por um lado, e por outro essa estratégia na ação.
 
Qual você considera que foi a influência do We Colloquium nesse cenário?
Eu acredito que de alguma forma nós conseguimos colocar, através do colóquio, assuntos na agenda. Na agenda política e na agenda midiática. O que obrigou que os partidos olhassem para dentro e repensassem sobre o prejuízo de daqui para frente insistirem na narrativa por descuido e por... Porque foi assim: até aqui, imagina que todo mundo estava agindo de acordo com aquela que era a norma instituída. E nunca tinha havido um “wake up call”. Eu acredito que o colóquio foi esse “wake up call”, que serviu para várias instituições, tanto do poder político quanto dos próprios mídia. Eu acredito que o colóquio possa ter de alguma forma sim influenciado mas, como é óbvio, a luta vem de trás. Também não sou ingênua ao ponto de achar que foi só o We Colloquium. Foi um conjunto de ações que culminou nisso. E estou muito contente de podermos contribuir de forma séria para essa mudança de narrativa.
 
 
 
 
 
 
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